quinta-feira, 9 de setembro de 2010

continuando...


— Mas nós somos burros, pamonhas!
— Nós não conseguimos aprender!
— Foi fácil para os heróis da história a busca do tesouro?
— Não, foi muito difícil!
— E eles desistiram?
— Não! Eles continuaram procurando.
— E conseguiram, não foi? Pois nós — vocês e eu — vamos conseguir também! Eu garanto a vocês.
— Nós vamos conseguir!
E começou a batalha: Dona Lúcia foi estudar, foi fazer cursos, foi pesquisar... e descobriu uma verdade maravilhosa: seus alunos não eram pamonhas, eles eram apenas lentos! Aprendiam mais devagar, cada um no seu próprio ritmo! E ela lhes contou o que havia descoberto:
— Tudo na natureza tem seu ritmo, isto é, sua maneira de ser... Existem as águias, que voam alto e longe, acima das montanhas... E os caracóis, devagar, na sua vidinha... Quem é mais importante? Pergunte a Deus... e ele vai responder que, para ele, os dois são iguais, recebem o mesmo amor. Têm papéis diferentes na vida, só isso. Existem as árvores enormes, que vivem centenas de anos... e a grama, pequena e macia. As duas tão lindas! Existe um sol iluminando tantos planetas... e o vagalume pequenino, iluminando um pedacinho de mato. Existem os elefantes e os ratos, as onças e as formigas, as jibóias e as minhocas... Todos no seu ritmo, no seu papel diante da vida! Por isso, a partir de hoje, nesta sala, ninguém vai se comparar com alunos das outras classes, nem das outras escolas. Cada um vai se comparar consigo mesmo... Cada dia, cada um vai perguntar:
— Eu melhorei? Em quê? Estou hoje melhor do que ontem?
Isso é que vai ser importante! Se levar mais tempo, não tem importância. Cada um faz seu tempo. Combinado?
E assim foi. Levou muito tempo. Mas todos aprenderam. Uns mais depressa. Lilito, é claro, foi o último. Mas todos aprenderam. E nunca esqueceram Dona Lúcia.
Os anos se passaram... Lilito foi aprendendo... crescendo... E, quando ficou adulto, sabem que profissão escolheu? Lilito foi ser pesquisador... Ele foi estudar mais sobre educação e sobre o ritmo de cada um. Porque, no relógio da vida, a gente é que faz o tempo.

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